O candidato tucano José Serra perdeu o rumo, o prumo e a noção das coisas. Acostumado a construir seu discurso a partir de pesquisas de opinião, que descobrem o que o eleitor gostaria de ouvir para se decidir a votar em determinado candidato, Serra não mediu as conseqüências de suas palavras em relação ao governo boliviano. Isso mostra sinais de avançada decomposição dialética e retórica de seu discurso. Marx havia dito que “uma classe que pretende consolidar o seu domínio não pode aceitar a concepção dialética sob pena de se condenar ela própria a morte”.
Serra declarou: “Você acha que poderia entrar toda esta cocaína no Brasil sem que o governo boliviano fizesse pelo menos corpo mole? Acho que não”.
Partindo dessa premissa, podemos devolvê-la na mesma moeda:
Será que poderia haver a crackolândia em São Paulo sem que o governo Serra fizesse corpo mole? E atentados do PCC? E assassinatos de motoboys diante de suas mães? E violência policial? E inundações acompanhadas de falta de assistência aos atingidos? E quedas de vigas do rodoanel provocadas pela qualidade suspeita do material utilizado, potencializadas pela pressa em tornar a obra visível para uso na propaganda eleitoral?