domingo, 24 de fevereiro de 2008

ALÔ, ALÔ MARCIANO
PIG COM O PUM VIRADO PRA LUA


Luiz Antonio Magalhães escreveu nas Entrelinhas para o Correio da Cidadania:


O fracasso da oposição e da imprensa

Se um marciano chegasse no começo de janeiro de 2008 ao Brasil e começasse a ler o que estava saindo nos grandes jornais nacionais ou a assistir e ouvir ao noticiário das emissoras de televisão e rádio, em poucos dias formaria a seguinte opinião sobre o país:

1. O presidente da República não passa de um fanfarrão corrupto, cuja popularidade só pode ser negativa. A oposição, em franca ofensiva política, já deveria estar preparando os termos de um pedido de impeachment.

2. A economia do país estava em vias de sofrer uma verdadeira hecatombe por causa de uma gravíssima crise nos Estados Unidos que já ameaça devastar o sistema capitalista e acabar com a oferta de crédito no sistema financeiro internacional.

Permanecendo no Brasil, o marciano começaria a circular pelo país, a conversar com as pessoas, ouvir a tal voz rouca das ruas de que falava um ex-presidente de triste memória. Em pouco tempo, certamente começaria a achar estranho que quase tudo o que sai na imprensa tupiniquim não corresponde muito bem ao que ele consegue apreender no contato com a população e na observação dos fenômenos da economia local.

Em fevereiro, o marciano começa a desconfiar que a mídia brasileira é um tanto esquizofrênica, pois começa a ler notícias sobre a altíssima popularidade do presidente da República e uma seqüência de excelentes notícias para a economia nacional: geração recorde de empregos, aumento vertiginoso na venda de automóveis, fim da dívida externa do país, a moeda nacional apreciando e os mercados financeiros bastante animados.

Alguém já disse que entender o Brasil não é tarefa para amadores. De fato, nada por aqui é muito fácil. Como explicar, tendo em vista o efusivo apoio da imprensa, o absoluto fracasso da oposição na campanha que vem sendo realizada desde a primeira posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em janeiro de 2003, para colar nele a pecha de corrupto, inepto, beberrão e ignorante? Como explicar que, a despeito de todo o esforço que a mídia brasileira tem realizado para reduzir as expectativas dos brasileiros no sucesso do país, este entusiasmo com o crescimento siga tão inabalável, de maneira a fazer a economia girar com novos investimentos, contratação de mão-de-obra e uma firme aposta no desenvolvimento do mercado interno?

A má vontade da imprensa brasileira com o governo Lula já é parte da história do Brasil, embora esta história não esteja ainda escrita, é claro. No futuro, os pesquisadores terão nos jornais uma excelente fonte para entender o comportamento de uma elite que resiste a largar o osso. O preconceito contra o presidente-operário, a negação de que qualquer fato positivo no país possa ter a mais remota relação com atos do governo, tudo isto ainda vai ser objeto de exame mais detido pelos futuros historiadores, mesmo porque ainda há muito por vir sob a presidência de Lula. De qualquer forma, a marca mais forte do governo Lula até agora parece mesmo ser o fracasso das oposições e da imprensa em tentar jogar o povão contra o presidente. Mas este é um jogo que continua em curso.



Luiz Antonio Magalhães, 37 anos, é jornalista. Trabalha desde 2000 no jornal DCI (Diário do Comércio, Indústria e Serviços), onde é editor de Politica e Cidades, e no site do Observatório da Imprensa, como Editor-Adjunto. Antes, trabalhou neste Correio entre 1995 e 2000 - foi diretor-adjunto do jornal. Formado em história pela Universidade de S. Paulo, Magalhães também cursou Administração Pública na Fundação Getúlio Vargas. Começou a carreira de jornalista em 1994, na Folha de S. Paulo, como redator na editoria de Cotidiano. Desde 2006, trabalha também como professor do curso de Jornalismo Político promovido pelo site Comunique-se. Edita o blog Entrelinhas e faz parte do Conselho Editorial do jornal Brasil de Fato.

Esse breve currículo vital foi copiacolado daqui.
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