quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

MORTE DE JANGO VIVE

O ministro da Justiça Tarso Genro mandou a Polícia Federal interrogar Neira Barreiro, o agente uruguaio que entregou o esquema de espionagem e assassinato do ex-presidente João Goulart pelas ditaduras latino-americanas. Leia mais AQUI no Portal PTSul.

Paulo Henrique Amorim entrevista Anna Lee, jornalista que escreveu com Carlos Heitor Cony o livro Beijo da Morte e também falou com Neira Barreiro.

PHA e AL ficaram devendo um vazio informativo.

Por que Anna Lee desistiu de comprar as fitas que Barreiro disse ter em mãos quando o tal Gomes (aspone do agente uruguaio) pediu dinheiro?

PHA ainda deve outra explicação.

Por que o Conversa Afiada não publicou o primeiro comentário do carteiro do poeta enviado duas vezes, só publicou o segundo?

1º) Paulo Henrique me responde uma coisa: a Anna Lee nem aventou a possibilidade de "comprar" as fitas para ver pelo menos se o tal Gomes tinha o material? Como se diz aqui no Rio Grande: "mutuca tira boi do mato". Não ficou nítida essa passagem da entrevista. Acho que a Anna ficou devendo essa. É muito estranha a atitude, especialmente por se tratar de uma pesquisadora, doutoranda. Fiquei com uma pulga atrás da orelha. Faço jornalismo na Unipampa de São Borja, recém instalada, e temos um grupo de pesquisa da mídia. No primeiro trabalho fizemos um levantamento inicial sobre a história da imprensa por aqui, o resultado foi um livreto já lançado e a percepção do vácuo comunicativo (desculpa a cacofonia) em São Borja entre 1975 e 1977, com o fechamento da Rádio Fronteira do Sul AM (que pertencia ao Jango, que doou suas ações para os funcionários na tentativa de evitar seu fechamento) e a abertura da atual Rádio Cultura AM (pertencente a um grupo de simpatizantes e militantes da ditadura). Muito conveniente, não é?

2º) E o meu comentário, Paulo Henrique? Pensando mais sobre o assunto, de ontem para hoje, chego a conclusão que, na verdade, Anna Lee é quem tem que explicar se, por acaso, sabia com quem estava lidando. O Conversa Afiada também está devendo uma posição sobre o FATO: por que a pesquisadora não quis pagar para ter as fitas? Digo isso como quem está casa e não como um infiltrado do PIG, viu PHA? Esse assunto é grave demais para permitir vazios informativos. Ela nem ao menos tentou obter um sinal da existência das gravações? Não acredito que ela tenha desistido assim. Essa história está mal explicada.

A cobertura do Conversa Afiada sobre o assunto é AQUI.

A Folha de São Paulo também tratou da questão, mas o carteiro não lê, reproduz ou grifa instituições obscurantistas (de acesso restrito).

Na Carta Maior e no Observatório da Imprensa, Gilson Caroni Filho manifesta posição semelhante ao carteiro, obviamente com muito mais propriedade ao denunciar o novo preceito jurídico: a quem se acusa cabe o ônus da prova.

Esse mesmo vírus do Ipiranga deve ter acometido tanto Anna Lee quanto Simone Iglesias da Folha restrita de São Paulo. Leia AQUI o artigo completo.

O Globo também tratou do esquemão e da ação da família Goulart pedindo investigação sobre o complô. Leia AQUI.

O jornal Uruguaio La República tratou com maior profundidade o assunto porque lá há um processo em andamento que investiga a morte que veio no vinho.

Uma das postagens abaixo faz referência e LINCA para o texto em espanhol.

O Diário Gauche foi mais ligeiro que pulga em cachorro quente AQUI.

A Bancada Gaúcha também registrou a decisão de Tarso Genro sobre a PF ouvir Mário Neira Barreiro em Charquedas. É por AQUI.

Se mais alguém tratou do assunto e não se tratar de instituição obscurantista (de acesso restrito), o carteiro pede um comentário-lembrete para acrescentar na postagem.

A foto é uma das provas não reconhecidas pela AL e pela SI, foi printscrinizada pelo carteiro do portal Globo e revela a quem interessar possa, ou que não tenha interesses conflitantes com a realidade, que o fotógrafo é um dos culpados.
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segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

O carteiro achou no Blogoleone a avaliação de André Singer. O poeta aconselha começar a leitura pela esquerda.

MOMENTO DE VIRAR
À ESQUERDA


Talvez sem consciência do que fazia, a oposição criou as condições mais propícias, desde 2003, para o governo alterar, em alguns graus para a esquerda, o percurso seguido até aqui. É que, ao decretar o fim da CPMF no final do ano passado, PSDB e DEM tiraram um dos suportes sobre os quais estava apoiada a estratégia de fazer distribuição de renda sem confrontar o capital.

Quem sabe esses partidos, com o beneplácito de alguns senadores que formalmente fazem parte da bancada governista, tenham agido em causa própria (de olho apenas no desgaste político do governo), sem perceber que atingiam simultaneamente o interesse dos capitalistas. Mas ocorre que, ao implodir o status quo, serraram um galho no qual a burguesia também estava sentada.

É verdade que, pela reação de parte do empresariado de São Paulo, animado com a derrota imposta ao presidente, ou o acordo anterior só servia ao setor financeiro - o que não parece ser o caso, a julgar pelas altas taxas de lucro e índices de atividade do setor industrial -, ou não foi só a direita senatorial que deu um tiro no pé.

Parece que certas entidades patronais até agora não entenderam de maneira precisa o caráter e o sentido da coalizão conduzida por Lula. Em todo caso, não terá sido a primeira, nem certamente a última, vez que classes sociais e seus representantes se deixam enganar por preconceitos e refrações ideológicas.

De tanto afirmar a urgência de aliviar a carga tributária, escapou-lhes que a CPMF era parte essencial de um modelo que, longe de representar ''gastança'' inútil, garante a margem necessária para, ao mesmo tempo, aumentar o investimento social e pagar juros que, embora declinantes até setembro de 2007, ainda consomem parte muito significativa do orçamento público.

Com a súbita desaparição de quase R$ 40 bilhões de arrecadação, a direita obriga o governo a rever os termos do acordo imaginado para vigorar até o fim do segundo mandato. Ou corta gastos que, direta ou indiretamente, interessam ao trabalhador, ou reduz o superávit primário e determina que o BC reduza a taxa de juros e, portanto, o montante gasto com a rubrica que diz respeito aos rentistas e bancos.

Qualquer diminuição do investimento público prejudica as classes populares. Bolsa Família, vencimento dos funcionários públicos e salário mínimo pago pelo INSS são transferências diretas do Tesouro para o bolso de assalariados e aposentados. A reação rápida do funcionalismo, antes até da definição sobre onde passaria a tesoura, mostra que os possíveis afetados perceberam imediatamente o sentido da pressão a favor de um ''ajuste fiscal''.

Do mesmo modo, eventuais restrições a concursos ou obras do PAC acabarão sempre por afetar mais os que possuem menos, seja pela diminuição de serviços estatais, seja pelo aumento de tarifas. No caso da infra-estrutura, atingiria a sustentabilidade do crescimento econômico, que, embora beneficie também empresários que apoiaram o fim da CPMF, é prioridade absoluta para os que dependem de um emprego para sair do inferno e ingressar em uma vida mais ou menos civilizada. Isso explica a adesão do bispo que dirige o Serviço de Caridade, da Justiça e da Paz da CNBB à iniciativa de mobilizar os movimentos sociais para evitar o que seria um retrocesso inaceitável do ponto de vista dos pobres (ver o manifesto ''Por uma reforma tributária justa'').

Em resumo, o gesto talvez impensado da oposição produziu uma polarização das opções governamentais. Imaginar que se consiga economizar R$ 40 bilhões diminuindo o número de membros do governo que viajam de avião é daquelas mitologias que só continuam a se propagar pois há interesse em manter cidadãos confusos.

Fortalecido pela nítida manifestação popular no segundo turno de 2006, pelo bom desempenho da economia em 2007 e pela compreensão que sindicatos e movimentos sociais mostram da conjuntura, a situação objetiva permite que o Executivo escolha o caminho da esquerda para resolver o impasse criado pelos conservadores no Senado. Ao fazê-lo, ajudaria, mesmo em um cenário de incertezas internacionais, a que o país mantivesse o ritmo de expansão em 2008 e a que os setores progressistas pudessem fazer das eleições municipais oportunidade de conscientizar o povo sobre o conteúdo da disputa hoje existente no Brasil.

Cabe ao PT, como maior partido do governo, mas também principal partido socialista do país, cujo novo Diretório Nacional se reúne pela primeira vez no próximo dia 9, deixar claro qual caminho convém aos trabalhadores.

ANDRÉ SINGER, 49, jornalista e cientista político, é professor do Departamento de Ciência Política da USP. Foi secretário de Redação da Folha e secretário de Imprensa e Porta-voz da Presidência da República (governo Lula).
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quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

OS IRMÃOS CARAS-DE-PAU

O carteiro encontrou no Dialógico, da Cláudia e do Eugênio. Nas fotos acima, José Agripino Maia (E), Byron Queiroz (C) e Tasso Jereissati (D).

Apadrinhado de Tasso Jereissati condenado
por rombo de 7,5 bilhões no BNB


O ex-presidente do Banco do Nordeste (BNB), Byron Queiroz, aliado do ex-presidente nacional do PSDB, senador Tasso Jereissati (CE), foi condenado a 13 anos de reclusão, além de multa, por ter fraudado a contabilidade do banco, rolado dívidas não pagas e liberado novos empréstimos para estas empresas. Entre os principais beneficiários do esquema montado por Byron, que deixou um rombo de quase R$ 7,5 bilhões (em valores não atualizados) no BNB, estão empresas do grupo Jereissati e da família do líder do DEM (ex-PFL) no Senado, José Agripino Maia (DEM-RN). A sentença foi proferida pelo juiz da 12ª Vara Federal, José Donato de Araújo Neto. Além de Byron, que presidiu o banco entre 1995 e 2003, outros cinco diretores do BNB também foram condenados pelos crimes de gestão fraudulenta de instituição e falsificação de vários balanços do banco. Foram isentos apenas da pena por formação de quadrilha. As ilegalidades de Byron vieram à tona através de uma auditoria do Tribunal de Contas da União e foram investigadas, superficialmente, pela CPI criada na Câmara dos Deputados para apurar desvios nos recursos do Finor (Fundo de Investimentos do Nordeste), operados pelo BNB. Byron montou uma engenharia no banco para perdoar dívidas, refinanciar e conceder novos empréstimos para empresários amigos que não pagavam o banco há anos. A maioria das negociações era implementada com a posição contrária do Comitê de Avaliação de Crédito da Direção - COMAC. Após realizar as operações, os empréstimos e refinanciamentos eram apontados no balanço como créditos a receber e não créditos duvidosos. Esse é o caso da empresa Mossoró Agroindustrial S/A (MAISA), de propriedade do senador José Agripino Maia (DEM). Agripino recebeu recursos do BNB e não pagou. A dívida total do senador ainda é um mistério, pois nunca houve uma investigação séria sobre o assunto. Alguns números citados na imprensa apontam para a cifra de R$ 50 milhões em valores atualizados. Até 1999, a MAISA devia R$ 4.266.853,27. Agripino reconhece um débito de apenas R$ 2 milhões e o contesta na Justiça. No entanto, a questão mais grave foi levantada por uma auditoria do TCU, que afirma que vários órgãos do banco foram contrários às operações de refinanciamento e novos empréstimos para a empresa de Agripino em virtude do "elevado nível de endividamento do grupo junto ao BNB e o fato de que, em passado recente, os interesses do BNB estiveram abalados por descumprimento por parte do grupo EIT (integrante do grupo MAISA) em não honrar compromissos contratuais pactuados, fato, inclusive, que resultou no impedimento do cliente". Não é só este líder da oposição que está enrolado com Byron. O TCU contesta também uma operação de empréstimo efetuada para empresa Refrescos Cearenses S.A, de propriedade de Tasso Jereissati, que estaria acima dos limites possíveis do banco. Tasso também está ligado, mesmo que indiretamente, a outras intervenções. Uma delas, levantada pelo TCU e denunciada pela revista "IstoÉ", envolve a Fiotex Industrial S/A indústria de fios de algodão de Fortaleza, que Byron chegou a ser consultor. A Fiotex devia R$ 5,1 milhões e mesmo sem pagar um centavo foi agraciada com uma bolada de US$ 3 milhões. Pouco tempo depois, sem consultar a direção do banco, a Fiotex recebeu mais R$ 2,5 milhões para capital de giro. Até 2002, tal empresa devia R$ 45 milhões ao banco. A Fiotex pertence a Francisco de Assis Machado Neto, suplente do senador Jereissati. Byron gostava mesmo de Tasso. Era fiel e agradecido pelos cargos que conseguiu no governo do Ceará e no próprio BNB. Pode ser mera coincidência, mas isso pode ter incentivado o ex-presidente do banco a perdoar uma dívida de uma empresa do grupo Edson Queiroz, a Monteiro Refrigerantes S/A, cuja maior acionista é a sogra do senador tucano. Segundo a "IstoÉ", a dívida da empresa com o BNB era de R$ 19,9 milhões. "Desse total, mais de R$ 17 milhões era dinheiro público do FNE. Em setembro de 1997, sob uma forte pressão de Byron, a dívida foi dada como quitada depois de uma estranha negociação entre devedor e instituição financeira. A empresa pagou, apenas, R$ 3,9 milhões. O perdão da maior parte da dívida não teve pareceres técnicos nem foi submetido aos advogados do banco", afirma a revista. "A amizade de Byron com o Grupo Edson Queiroz também levou o presidente do BNB a perdoar uma dívida de R$ 3 milhões da empresa Luna Aqüicultura Ltda., que pertence ao ex-deputado".

Sem comentários. Os grifos são do Dialógico.
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terça-feira, 22 de janeiro de 2008


Não é por acaso que o cara tem gênio no nome.

E o prefixo é eu.

Não eu, mas o ser Dialógico que transforma eu em nós.
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segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

ASSASSINATO DE JANGO

Gustavo de Mello leu em La Republica e avisou o carteiro, que traduziu um pedaço e lincou o texto original em espanhol no final da postagem. Cá entre nós, a história sempre aparece. Essa é a melhor parte das ditaduras: o cenário cai por falta de conservação e o palco fica nu.

Revelação: O médico uruguaio Carlos Milles teria envenenado João Goulart e Cecília Fontana de Heber

As mortes do capitão Adonis

O ex-agente uruguaio Mario Neira Barreiro, preso em Porto Alegre, contou à televisão brasileira como foi assassinado o presidente deposto do Brasil. A família de Jango pediu a reabertura do caso. Seriam os mesmos assassinos que enviaram as garrafas de vinho envenenado que mataram a mãe do senador Luis Alberto Heber.

Um médico uruguaio que atuava com os serviços de inteligênc
ia da ditadura sob o codinome “Capitão Adonis” seria o mesmo que adulterou os medicamentos do ex-presidente brasileiro João Goulart para assassiná-lo em 1976 e também injetou o veneno na garrafa de vinho com a qual foi provocada a morte de Cecilia Fontana de Heber em 1978.

Um criminoso uruguaio preso há vários anos em uma prisão de segurança máxima de Porto Alegre, Mario Ronald Neira Barreiro, que confessou ser um ex-agente secreto do Uruguai, revelou à imprensa brasileira que teria sido o médico uruguaio Carlos Milles quem preparou o veneno nos dois crimes políticos.


No final de 2002, La Republica entrevistou Neira Barreiro pela primeira vez em uma prisão do Rio Grande do Sul e o uruguaio, processado então por assalto à carros-fortes, havia mencionado o mesmo médico, hoje falecido, como o responsável pelos envenenamentos.

A identidade de Carlos Milles foi publicada sob as iniciais “CM”, porém seu nome foi revelado por La Republica em depoimento diante da juíza penal de 9° Turno, Gabriela Merialdo, durante o processo das garrafas de vinho envenenadas com as quais foi morta a esposa do dirigente blanco Mario Heber e mãe do senador Luis Alberto Heber. O novo depoimento de Neira Barreiro realizado em três horas de gravação, registradas pela TV Câmara do Congresso do Brasil, teve ampla repercussão na imprensa do vizinho país e motivou os familiares do presidente deposto João Goulart a apresentar uma denúncia penal para que se volte a investigar judicialmente um eventual homicídio. Neira Barreiro, que agia com o codinome de “Tenente Tamús”, sustenta que integrava um grupo de trabalho denominado “Grupo de Ações Militares Anti-subversivas" (GAMA) que não pertencia aos serviços de inteligência, nem da polícia, nem das Forças Armadas, mas agia em coordenação com todas as agências de espionagem.


O texto é de Roger Rodríguez.

Leia mais em espanhol AQUI.

E a postagem do Diário Gauche AQUI.
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sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

YEDITADURA

Cristóvão Feil, do Diário Gauche, e Marco Weissheimer, do RS Urgente, leituras obrigatórias do carteiro e do poeta, mesmo nas horas mais difíceis, revelam o espetáculo do crescimento da Yedonorância no Rio Grande.

DIÁRIO GAUCHE
Dona Yeda parte para a ignorância

Policiais militares invadiram ontem um assentamento do Movimento Sem-Terra em Sarandi (RS). A invasão ocorreu depois de a Brigada Militar descumprir um acordo com a Polícia Civil, Ouvidoria da Segurança Pública do Estado e a Justiça da comarca de Carazinho. A informação é da Agência Chasque. Leia mais AQUI.

RS URGENTE
Crônica e imagens de uma quase-tragédia

(...) Um juiz estadual determina mandato de busca e apreensão para itens supostamente roubados por algumas pessoas que supostamente estariam participando do Encontro. Os itens incluem um anel de ouro, uma máquina fotográfica, R$ 200, um rádio de carro, entre outros. Merece destaque o fato de que estes itens são apresentados desta forma, que não permite sua identificação. Qualquer anel dourado, qualquer máquina, qualquer conjunto de notas e moedas somando R$ 200 se enquadram no rol de provas a serem buscadas. (...)

(...) A imprensa internacional anuncia a possível tragédia. A ONU se manifesta pedindo suspensão da ação.

Os agricultores se preparam para oferecer resistência, com paus e pedras. A organização dos agricultores consegue conter o nervosismo de todos, a tensão é amenizada com canções. No momento em que o confronto parece inevitável, a negociação evolui para bom termo. Os ônibus são revistados pela polícia, a Brigada Militar não entra na área do assentamento, a ação militar é suspensa, os agentes se retiram, agricultores retornam às atividades do Encontro. Leia mais
AQUI.

POST SCRIPT

O carteiro, pau mandado do poeta, deixou este comentário na postagem do Diário Gauche.

É urgente acelerar a construção além de "blindar" as instituições democráticas já devidamente consolidadas. Tendo essa como primeira bandeira: garantir e popularizar a permanência e o constante aperfeiçoamento do processo democrático entre nós.

É preciso não descuidar da "materialização" de uma instituição subjetiva da democracia: o pertencimento cultural das conquistas sociais – conquista não é concessão nem favor.

Enquanto não houver outra forma efetiva de garantir essa impressão digital na sociedade, na luta contra a omissão do estado diante da exclusão social, a invasão política deve e vai continuar sendo o único instrumento capaz de movimentar o dinossauro estatal (?), dependente químico de bases parlamentares e seus efeitos colaterais: os acordos por cargos e espaços de decisão.

Mas há uma cratera institucional ainda a ser denunciada: o poder judiciário jurássico no tamanho, na lentidão e, principalmente, no instinto selvagem, pragmático e corporativo de classe.

O que fizemos no ano passado, o que estamos fazendo no gerúndio, é ou não uma invasão dos latifúndios improdutivos da mídia para impulsionar a sociedade a dar mais um passo afirmativo em direção ao aperfeiçoamento democrático?

Talvez o objetivo não deva ser apenas convocar a sociedade a apoiar e divulgar as ações do movimento. Uma das coisas que mais me marcaram na vida foi descobrir que a cultura Guarani acredita que nós não temos nome, nós somos o nome. Portanto, meu nome não é Eduardo, eu sou Eduardo. Pelo mesmo raciocínio, acho que devemos trabalhar para a sociedade ser o que é: o próprio movimento social; não apenas ter conhecimento e um certo grau de comprometimento com ele.

Fotos: Leonardo Melgarejo.
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quinta-feira, 17 de janeiro de 2008


pra encurtar história trago a mão pra palmatória
trago a Chico o que é de César trago açucar a Saramago
e ao Sebastião Salgado megabytes pro Bill Gates
pro Yeltsin trago um trago pronto tá feito o estrago
aí é que eu trago um charuto com wisky pra Mônica Lewiski
e pro chato do Bill Clinton trago um clitóris com filtro

(Retta)


POST POST

Retta Rettamozo
são-borjense curitibanizado
curitibano são-borjecido

O poeta (da hora) do carteiro por Leminski


paraporque jesustificar a desobra dobra do retta, o mais curvo dos criadores do plantel local? ao falo " não fique doente,ficção" passo a palavra. retta sempre foi pedra de escândalo. fonte de pânico. alteração. sub-supra-versão. acidente que aleija. acaso que enche o saco. a droga é que esse experimentador(não dá pra passar por cima bons mocinhos)tem um puta nível de competência na manipulação dos códigos. humor branco, amarelo. humor. vermelho. humor. azul. a coisa do retta se situa na terra cinzenta-de-ninguém. esses extremos guestalticos e cromáticos. essa fornocomunicação, que brinca de parecer tão facsimilar à primavista é uma introdustria, monstrução. sua imagem favorita : código devorando código. a fêmea do louva-deus come o macho depois da cópula, para refazer as forças. trocadilho entre dois ou mais códigos: traducadilho. arretação.cartoom.foto.filme.design.desenho. desígnio.lay out. lay in.enquanto menores cultivam o tema retta teima. o traço. a obra:tão difícil porque transparente transa aparente de entender.+ que conteúdo. toda significado. eros tanatos. no duro o seguinte: (como retta diz quando fala sério) vida e morte. vida e morte no trabalho deste gaúcho que (felizmente) se encontra entre nós. .
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segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

Um mundo sem Deus

Por Deonísio da Silva

Em 2007, foram lançados com muito barulho vários livros negando a existência de Deus. Um deles, intitulado Deus, Um Delírio, do respeitado biólogo Richard Dawkins, recebeu elogios de intelectuais que são referência em suas respectivas áreas de atuação, como o romancista britânico Ian McEwan. Dawkins integra o trio de intelectuais vivos mais importantes do mundo, eleitos pela revista inglesa Prospect. Os outros dois são o norte-americano Noam Chomsky e o italiano Umberto Eco. Os EUA e a Europa insistem em olhar para os respectivos umbigos, considerando-se modelo em tudo.

No romance, faz muito tempo que ficaram para trás. Livros como Eu, o Supremo, do paraguaio Augusto Roa Bastos, que morreu sem o reconhecimento deles; Cem Anos de Solidão, do colombiano Gabriel García Márquez, que está vivo e já recebeu o Prêmio Nobel; Os Passos Perdidos, ambientado na Venezuela, do cubano Alejo Carpentier; Incidente em Antares, de Erico Veríssimo, e Dona Flor e Seus Dois Maridos, de Jorge Amado, entre outros, mostram como o romance, como gênero, é uma planta já sem muita vitalidade nos jardins literários dos EUA e da Europa, pois esses autores estão uma oitava acima da mistura européia e norte-americana.

Ressentimento, não

Se autores africanos, asiáticos e latino-americanos tivessem um por cento da visibilidade de que os escritores dessas duas instâncias hegemônicas desfrutam há muitas décadas no mundo, conhecidos romancistas da Europa e dos EUA virariam notas de pé de página. Para o gosto do signatário, a solitária exceção no trio escolhido é Umberto Eco, mas apenas pelo romance O Nome da Rosa, um dos momentos mais altos da prosa de ficção européia no século passado, pois de resto o italiano vale a pena ser lido por seus ensaios e crônicas, não pelos romances que publicou depois de O Nome da Rosa.

Este artigo é de um romancista brasileiro. Os leitores têm todo o direito de se perguntarem se não vem embutido um quê de ressentimento. Como os leitores são multidão e os amigos verdadeiros são poucos, é justo que a desconfiança tenha vez, pois em geral os leitores não conhecem os escritores que lêem. Então, de nada valerá declarar aqui que o autor destas linhas assumirá muitos outros sentimentos, incluindo sentimentos desarrumados, mas não o ressentimento.

Liturgia do mistério

De vez em quando algumas tristezas literárias, sim. No Natal deste ano, a Folha de S.Paulo convidou quatro escritores para escrever um conto de natal, entre os quais Carlos Heitor Cony e Marçal Aquino, prosadores de reconhecido valor. Mas não há ponto de vista que sustente, em primeiro lugar, a razão de serem aqueles os convidados, e em segundo, a razão de o maior jornal do Brasil oferecer leituras tão dispensáveis. Se o jornal queria contos, chamasse contistas, mas é provável que suas editorias desconheçam – como de resto, as dos outros jornais também – quem seja referência no conto brasileiro contemporâneo. O certo é aqueles quatro não são.

Por que ilustro esta tristeza literária com a outra, maior, de ver badalados, por razões extra-literárias, livros que negam a existência de Deus? Porque o Natal, sem Deus, não é Natal. Todo mundo sabe disso e, mesmo ateus convictos, como que amolecem o bestunto diante do mistério. Mistério é aquilo que não entendemos. Na verdade, como ensina a etimologia, mistério é aquilo que não pode sequer ser dito, quanto mais compreendido. A palavra veio do grego mystérion, ligada ao verbo myo, fechar. Nas cerimônias religiosas, em ambientes fechados, envolvendo certos segredos dos ritos, a liturgia do mistério resplandecia e ainda resplandece. Mas para melhor entender o mistério, fechamos os olhos e a boca.

Não se chuta cachorro morto

Vivemos, porém, num mundo em que quase todos acham que tudo pode ser visto e dito. O signatário, escritor (ofício preferencial) e professor (a segunda coisa que mais gosta de fazer), que exerce simultaneamente os dois ofícios há mais de trinta anos, não cala porque não consente, mas percebe que estão cada vez mais ausentes as condições para um debate. Então, talvez o melhor é fazer, como tantos já o fazem, seja um retiro espiritual e deixar de dar atenção a tamanhas banalidades da mídia.

De vez em quando, na História, alguns espíritos tidos por esclarecidos voltam ao tema da negação da existência de Deus. O caso mais lembrado é o do filósofo alemão Nietzsche, o qual, em O AntiCristo, viu no cristianismo um inimigo a combater. Com efeito, como explica Voltaire Schilling, uma das mais belas inteligências brasileiras em ardente atividade, como enfrentar um inimigo que, ofendido, oferece ao agressor a outra face? Pois é, mas é este o gesto, com suas notáveis exceções, que está na base da paz que celebramos no dia 1º de janeiro de todo Ano Novo, Dia da Fraternidade Universal.

E que me perdoem os intelectuais que se esforçam por negar a existência de Deus, que eu já os perdoei também, se discrepo. Sabe por que eles escrevem com tanta fúria? Porque não se chuta cachorro morto. Qualquer frase da Torá, da Bíblia, do Evangelho de São Mateus, ou uma surata do Corão, vale mais do que os livros que eles escreveram.

Vacas de prata e pessoas de lata

E, pel´amor de Deus – esqueci, eles não tem este amor – por que usar a ciência para provar que Deus não existe? É tempo perdido. Esqueceram a lição de Engels: "A ciência é a eliminação progressiva do erro", ou, vista de outro mirante, a cada dia um erro menor substitui o erro anterior, maior. Com efeito, ninguém prova que Deus existe, mas ninguém prova que Ele não existe. Se você está num quarto escuro com a pessoa amada, você não a vê, mas sente que ela está ali. E, às vezes, ela não está – viajou, morreu, não pôde vir, não pode estar ali – mas você continua sentindo a sua presença do mesmo jeito.

Eu não acho os ateus infelizes, não. Eu acho infelizes aqueles que tentam provar que estão certos e que os outros, coitados, estão errados! Deus me livre de tal presunção. Isto aqui é uma página de opiniões. Escrevemos e enquanto isso o tempo, talvez nosso maior problema e nosso maior mistério, segue seu curso sem que o compreendamos. Sei que Freud é muito respeitado, mas talvez devêssemos dar mais atenção a um de seus discípulos, depois dissidente, Viktor Frankl, que defendia ser mais decisivo o sentido da existência do que o princípio do prazer.

Quem quer muito um mundo sem Deus, talvez o que queira seja um mundo repleto de deuses, pois os bezerros de ouro, e sobretudo as vacas de prata e as pessoas de lata estão se multiplicando sem parar.

Se nenhuma das leituras sugeridas vale a pena, que tal Onze Livros de Metamorfose, obra mais conhecida como O Asno de Ouro, de Lucius Apuleius?


POST POST

No retorno ao ofício, carteiro e poeta, aos pedaços, ainda resistem.

Só Deus sabe até quando e como.

O artigo do Deonísio, quem conheci falando sobre a Universidade São Carlos recém nascida em 1982, no Unificado em Porto Alegre, merece leitura e reflexão, mesmo discordando de um certo comodismo do autor quando afirma que "ninguém prova que Deus existe".

Na verdade, a inexistência de Deus é que é uma impossibilidade pela simples razão de que as possibilidades de ser o contrário são majoritárias, infinitas.

É como acreditar que no universo inteiro não existe nenhum planeta habitado, igualzinho ao nosso.

É uma impossibilidade matemática.

É como uma luta que nunca começa, como certos governantes que inauguram placas do início de obras que nunca terminam.

Ou certos intelectuais que pedem que esqueçamos o que escreveram.

É o que está sempre além de tudo o que já foi percebido.

É só comparar o espaço ocupado e conhecido por nós com o resto do cosmos.

Quanto por cento representamos ou conhecemos? Quanto desconhecemos?

Onde está a fronteira? Onde o meio? O começo? Fim?


Tem gente que ainda não se deu conta que a palavra Deus define a geração e a gestão perfeitas da vida em todas as suas formas e manifestações, só Nela a liberdade responsável existe em plenitude.

A palavra Deus separa o joio do trigo, une ao inimigo, abraça o amigo.

Na palavra Deus a humanidade deposita sua melhor semântica, seus melhores sentidos, seus projetos evolutivos; a considera como a palavra na linha do horizonte que é alvorada e poente ao mesmo tempo, que sempre está conosco e nós apenas estamos com ela quando ela nos alcança, como o sol e a chuva, para ficar em dois exemplos.

É como fugir do mundo e dar de cara com a vida.

Muita calma nessa hora e humildade para admitir: por mais que tentemos, o máximo que conseguimos é reconhecer que a idéia que fazemos Dele não altera em absolutamente nada a Sua condição, só a nossa.

Um poeta concreto revela o fato: dEUs.

É assim que interpretamos o sentido da palavra com nossa atitude.

Nessas horas o ditado do bom entendedor basta.

Resumindo, não acreditar em Deus, em primeiro lugar, é um direito do ateu.

O problema é sustentar o argumento de que um livro é resultado da explosão em uma tipografia cujos tipos caem cada um em seu lugar, editados, revisados, diagramados e encadernados com engenho e arte, como diria Carlos Domundo de Andrade, pelo nada, pela inexistência de uma inteligência superior ativa.

A ciência humana não cria nada, apenas descobre leis e substâncias naturais preexistentes.

A pergunta não é se Deus existe.

É quem criou o mundo do qual fazemos parte.

Não dá para achar que tudo existe por combustão espontânea.

Mas onde se esconde a razão pela qual alguns seres humanos evitam reconhecer pública e intimamente a existência de um Criador?

Pode ser porque Ele é a única garantia de que cada crime por ato ou pensamento que cometemos todos os dias jamais fica impune, que toda a injustiça será transformada em justiça e que nós mesmos somos os instrumentos para que isso se realize com maior ou menor intensidade.

Falo dos crimes perfeitos que a justiça humana não alcança.

Mas há outra razão: os autoproclamados representantes de Deus no planeta.

É aí que mora o perigo.

Nesse caso, a receita é simples, é só fazer como Cristo, vencer os vendilhões do templo no debate e na militância e conquistar democraticamente o direito de construir o paraíso na terra do povo, pelo povo e para o povo.

E reconhecer que ambos, Deus e povo, têm a mesma voz e falam a mesma língua.

Essa é a lógica de "a maioria vence".

Nem que para isso tenha que aceitar a vitória do adversário, hastear como bandeira o próprio corpo numa cruz para provar que é possível ceder tudo sem retroceder nunca e que para morrer por uma causa é preciso ter vivido por ela.

Afinal, "a ciência é a eliminição progressiva do erro".

Assim como se reconhece a árvore pelo fruto e o autor pela obra, o leitor e o consumidor da quitanda são identificados pelos mesmos critérios.


O juízo de valor que fazemos sobre os outros é o mesmo que cabe como uma luva sobre nós.

Deus, como Poeta dos poetas, diria melhor e transformaria tudo diminuindo o zoom na nossa lente espiritual, revelando a totalidade e a parte ao mesmo tempo, acendendo os fios invisíveis que ligam cada um de nós aos outros, incluindo nossas obras mentais e os resultados físicos deixados por elas pelo caminho ou impressas em cada ser tocado ou influenciado de alguma forma por nossas palavras e gestos.

E pelo vazio produzido pela diferença entre o que sai pela nossa boca e o que brota realmente de nós, que só cada um sabe, no caso dos ateus.

Além Dele, é claro, que tem acesso aos registros da nossa caixa-preta, nossa consciência, no caso dos que acham natural sua existência e reconhecem sua perfeição.

E o mais importante: que estamos no caminho evolutivo conscientes a respeito da responsabilidade que temos sobre a energia que movimentamos e o espaço que ocupamos.

Não vai dar para dizer que não sabíamos.

O preconceito científico não vai interceder por nós na hora da onça beber água e da alma devolver o currículo vital devidamente preenchido, cumprindo a burocracia mais importante das nossas vidas.

No fundo, no fundo, esse programinha já vem instalado em nosso menu iniciar, ele ativa uma intuição leve o suficiente para ser notada e densa o necessário para não passar despercebida.

Nós é que tentamos encontrar na ciência o que só a boca de um filho pode revelar e vice-versa.

Ou buscamos na morte o que só a vida pode oferecer e perguntamos para a vida o que só depois de morrer vamos saber.
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