segunda-feira, 18 de agosto de 2008

O HOMEM DA MALA
A BAGAGEM DE FLÁVIO KOUTZII


Antes de tudo, peço dez culpas (ou mais) aos raros leitores do blogue pelo sumiço. Posso garantir que a ausência de postagens não é abandono ou desistência voluntária. Ao contrário, há momentos na vida em que não é possível escolher o meio de chegar ao fim desejado. Especialmente quando a gente não abre mão dos princípios e do comprometimento com a causa. A não ser quando o dever chama. É o caso.

Flávio Koutzii escreve no RS Urgente:

Há divergências jurídicas.
Há avaliação sobre as motivações e cálculos políticos.
Há os que apenas julgam da conveniência de tocar no assunto.
Há sempre o jogral dos analistas de oportunidade.
(Nunca é hora para eles)

Mas para os que não esqueceram:
Há um grito suspenso no ar.
Há uma dor infinita.
Há um tabu indecente.
Há um seqüestro invisível.
(A honra das Forças Armadas de hoje, reduzida a escudo silencioso, da responsabilidade não assumida das Forças Armadas de ontem no golpe)

É claro que os torturadores têm que ser responsabilizados.
É certo que a anistia não é igual à amnésia.
É evidente que a história não aceita ficar sem sentido, nem com censura, nem com cortes, como um filme proibido.
É certo que não há a mais remota possibilidade de igualar quem lutou contra a ditadura com quem prendeu, torturou e matou pela ditadura.
É certo que esta história tem começo, meio e fim:

e o começo é o golpe de estado,
a derrubada de um governo legal,
a censura aos jornais,
o fechamento dos partidos,
a suspensão do estado de direito,
a perseguição implacável.

As Forças Armadas é quem deram o golpe
(junto com seus aliados civis).
Aqui, a ordem dos fatores altera o produto e o significado.
Eles, a ditadura, nós, a resistência.
Então quem fica ofendido somos nós!
Nós - "os elementos" - cidadãos na nossa opinião, democratas, porque lutamos para restaurá-la.
Espantados, com a covardia dos que não assumem suas responsabilidades

Deram ou não o golpe?
Perseguiram ou não?
Torturaram ou não?
Então, por favor!!!
É inaceitável que as Forças Armadas de hoje fiquem reféns de um passado ditatorial indefensável.
Na verdade, no Brasil, além dos "desaparecidos", há uma grande desaparecida:

A VERDADE HISTÓRICA

História, entendida como reconhecimento dos fatos,
a totalidade das circunstâncias.
A História em tempo real.
A História com muita luz e pouca sombra.
A História para e do povo brasileiro, de todos os brasileiros:
civis e militares.
Tudo, não para o maniqueísmo simplório, mas para respeitar a dignidade e a tragédia de um grande período da história recente do Brasil dos vinte longos anos de chumbo.

Lamentavelmente as Forças Armadas propõem a esquizofrenia como situação permanente.
Não assumem sua responsabilidade.
Desrespeitam o Poder Executivo (legitimado pelo voto).
Atuam como contra-poder.
Logo defendem o que foram.
Logo são hoje o que foram ontem.

Mas isto, não é bem assim.
Isto é uma memória doente.
Verdade amputada.
Simulação inaceitável.
Queremos que os jovens soldados e os jovens oficiais sejam livrados destes grilhões enferrujados.
E se devolvam para este Brasil.
Impressionante de presente
Futuroso.

E haverá que defendê-lo de muitas maneiras:
suas possibilidades,
seu petróleo,
sua Amazônia,
suas fronteiras,
sua economia
e acima de tudo:
sua gente brasileira,
seu futuro,
seu orgulho,
sua história.

POST POST

Na foto roubada emprestada da página do Flávio Koutzii, a verdade histórica transcende a natureza física da mala e aparece como uma cicatriz sem plástica ou silicone. Não há nada que o passado possa fazer para impedir o futuro de acontecer. É tudo uma questão de tempo. É quando, agora ou mais tarde.
.

2 comentários:

Juliana Dacoregio disse...

Olá! Gostei do seu conselho em meu blog. "Rir para o lado de dentro, rir como quem guarda o segredo". Quando li sua frase eu, automaticamente, sorri. Sei bem que que você está falando. Nossa vida seria muito mais fácil se em diversos momentos nos lembrássemos de sorrir para o lado de dentro.
Um abraço.

saitica disse...

Só a poesia reinventa a vida
sem o poema a vida é triste
é pouca