quinta-feira, 13 de março de 2008

MERCEDES SOSA
MORTOS PELA DITADURA SEGUEM DOENDO



O jornal
La Republica publicou (13/3) uma entrevista com Mercedes Sosa, que se apresentou na noite anterior em Montevidéu. Horas antes, "La Negra" conversou com a imprensa e reforçou sua postura humanista de mulher de esquerda, advogada da paz e da justiça.

Mercedes contou aos jornalistas que foi expulsa da Argentina pelos militares quando "não matava nem passarinho" e que sua vida tem sido marcada por altos e baixos na saúde e pelo sofrimento. Revelou que o Brasil foi o país que mais a ajudou no exílio, mas destacou também a Espanha, a França e o Uruguai.

Para ela, "os militares instauraram uma dedocracia e assassinaram inocentes. Esses mortos ainda seguem doendo. Agora que as coisas mudaram estão presos em suas casas". Disse que sempre acreditou na justiça e que "por isso não se deve sequer pensar em matá-los, devem ficar confinados em seus lares sem poder sair nem para ir à missa".

Lamentou os problemas causados pela pobreza em Buenos Aires, denunciou a miséria e a corrupção herdadas do governo Menem e ressaltou seu apoio à Cristina Kirchner, a quem considera uma pessoa nobre e humana. Razão pela qual cantou na Casa Rosada sem cobrar cachê, só os músicos que a acompanharam receberam pelo trabalho.

Sobre o conflito provocado pela invasão da Colômbia ao território do Equador, Mercedes argumentou que "devemos trabalhar para que não haja guerra, a guerra é fácil, difícil é manter a paz", recordando o quanto seu país pagou pela guerra das Malvinas com a Inglaterra. "Tantos meninos foram lutar sem sequer saber usar uma arma. A paz custa mas é vital", resumiu. Sintetizou sua postura dizendo que "uma mulher não pode aceitar a guerra sob nenhum pretexto porque são elas e as crianças que mais sofrem".

A respeito das diferenças entre seu país e o Uruguai na questão das papeleiras, afirmou não acreditar em maiores problemas porque quem autorizou a instalação da planta de celulose foi Jorge Batlle, que as diferenças serão acertadas entre os dois presidentes e confia que "Cristina vai colocar seu grãozinho de areia" nessa história.

Mercedes Sosa reafirmou seu amor pela música revelando que sua maior felicidade "é cantar e receber o amor das pessoas, que é imenso". Por isso, quando grava com outros artistas não cobra nada, essas participações são feitas "por amor aos seus companheiros e cobrar seria com se prostituir".

Na entrevista concedida no Hotel Victória Plaza, anunciou que seu projeto para este ano é gravar um novo disco.
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